segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A sós com o Amado




Amados meus,
darei início a algumas postagens de reflexão acerca de um Retiro Espiritual do qual estou participando a convite de uma pessoa muito especial, que entrou na minha vida e trouxe cheiro e gosto de céu, cujo nome vocês ainda verão neste blog. Vou deixá-los com as leituras bíblicas que norteiam as reflexões e nossas orações a cada dia.
Para o dia de hoje, após a oração do Santo Terço e a Proclamação do Ofício da Imaculada Conceição, fiz a Leitura Orante da Palavra de Deus, dadas as sugestões propostas no Retiro.

Evangelho de São João 8, 1-11.


Depois todos foram para casa, mas Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada ele voltou ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta dele. Jesus estava sentado, ensinando a todos. Aí alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos. Eles disseram:
- Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?
Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo. Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles:
- Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!
Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão. Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé. Então Jesus endireitou o corpo e disse:
- Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
- Ninguém, senhor! - respondeu ela.
Jesus disse:
- Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais!

O Senhor, enquanto todos foram para a casa, vai ao Monte das Oliveiras. Foi ficar com o Pai, num ato lindo de reencontro.
Interessante notar a questão do reencontro de Cristo com o Pai. Há sempre lugar e hora para isso; embora sejam um, estejam um no outro, o Amado sente a necessidade e sabe ser bom reencontrar-se com o Pai.

Quando leio o Evangelho, a minha reflexão gira em torno dessas curiosidades; de um Jesus que é Deus, e mesmo assim vai encontrar-se com Deus. É a beleza da busca da intimidade.
No texto, a primeira coisa à qual fui chamada à atenção, foi exatamente essa intimidade do Filho com o Pai. A cumplicidade de quem é um só. O Senhor qie vem preparado do Monte. Só alguém que internaliza a vontade de Deus pode agir como agiu o Amado. Veio pronto pela madrugada.
Uma outra realidade que me chama é o estado de Maria (alguns teólogos defendem que essa é a mesma Madalena, a mesma irmã de Lázaro). Os fariseus a classificam como um tipo que deve ser castigado de acordo com uma Lei; sobretudo, a coisificam, transformando-a, pura e simplesmente, no ato que a levou até ali. Ela deixa de ser mulher; é o que faz.
Olho a questão do pecado, aqui, na mesma dimensão em que olho a prova à qual queriam submeter o Mestre. Aos meus olhos, hoje, esse texto me fala de pretexto para estar só com o Amor!
Sei que para aquela Mulher, era a hora de receber o olhar do Amado. Encontrar-se com seu verdadeiro Dono.
E então, vejo o cerne desse Evangelho para o dia de hoje: alguém que precisa se encontrar com o Senhor.
Naquele dia, o pecado que era dela, não pesou sobre mais ninguém, porque o Senhor a olhou.
No olhar que cala, e dá palavras ao mesmo tempo, o Senhor a viu, endireitou-se para falar com ela. Devolveu-lhe a dignidade, que provavelmente, ela mesma vendera.
Diante dessa cena, e dessa verdade, aqui o perdão perde a vez para o olhar.
A mulher, que chegara arrasatada, com uma sentença já determinada, de cabeça baixa, olhos chorosos, e calada, é agora olhada, encarada por Aquele que ama. Um Deus que é pronto para olhar além do que nos pesa... Nesse olhar, Ele a conheceu, e ela a Ele. Num olhar se amaram, num olhar Ele a salvou!
E todas aquelas misérias que a tiravam Dele foram embora junto com os que a acusavam.
Olho para o Senhor e peço a graça de estar a sós com Ele.
Que Aquele olhar que alcançou Maria, venha olhar a mim; dar nova vida ao meu coração, reforçar o desejo de estar dentro do que Deus quer.
Por isso, peço que Deus encha-me Dele; que minha decisão seja alimentada, mesmo diante do sofrimento, mesmo diante das incertezas, mesmo diante dos que me acusam, ser levada com Ele, para todos os lugares.
Que eu vá para qualquer lugar no Olhar do Meu Amado!
Diante desse olhar, só posso entender que Deus Amou! Num olhar que Amou, o Senhor foi a Palavra que devolveu a vida!
Sou essa mulher!






Um comentário:

Roberto PHN Amorim disse...

Partilhar é aprender a ver a vida pela ótica dos îrmãos. Isso nos alimenta, sustenta, ensina e amadurece.

Gratidão, Déia, por tanta coisa...
Não precisam ser ditas...
As palavras às vezes criam novelos...
Então, basta sentir...

Hoje não sei dizer, eu que tanto escrevo. Só sei sentir...

Gratidão...