terça-feira, 11 de agosto de 2009

Perene




Amados irmãos,

Segundo dia de oração.


Passemos à Leitura de hoje: São João 19,17-37.

Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos dos judeus, pois, leram este título; porque o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego. Diziam então a Pilatos os principais sacerdotes dos judeus: Não escrevas: O rei dos judeus; mas que ele disse: Sou rei dos judeus. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi. Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram delas quatro partes, para cada soldado uma parte. Tomaram também a túnica; ora a túnica não tinha costura, sendo toda tecida de alto a baixo. Pelo que disseram uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será (para que se cumprisse a escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, e lançaram sortes). E, de fato, os soldados assim fizeram. Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. Depois, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse: Tenho sede. Estava ali um vaso cheio de vinagre. Puseram, pois, numa cana de hissopo uma esponja ensopada de vinagre, e lha chegaram à boca. Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali. Foram então os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado; mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. E é quem viu isso que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que diz a verdade, para que também vós creiais. Porque isto aconteceu para que se cumprisse a escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado. Também há outra escritura que diz: Olharão para aquele que traspassaram.

Encontro-me com a Virgem aos pés da Cruz; vejo toda a cena da Redenção, e meu viver toma uma proporção maior do que imaginava.
Andar NESTE Calvário causa-me dor, entretanto, traz-me o Mestre.

Comecei o dia na incerteza; um sentimento de dor, de dúvida assombrava-me o coração.
Pedi a proteção de São Miguel Arcanjo e da Santíssima Virgem para iniciar o dia.
Percebo que minha alma está triste; embora esteja a cada dia mais perto do Amado, ela se entristece. Uma tristeza que leva ao céu; uma tristeza serena.
As terças e sextas-feiras têm a tendência de serem mais dolorosas, de fato, uma vez que recordamos, e precisamos experimentar a dor do Senhor!
O Santo Terço, na contemplação dolorosa, levou-me ao Calvário do meu dia.
Mas tive os anjos dos jardins, as Verônicas (pelo menos aqui elas existiram) da estrada; meu caminho da Cruz foi trilhado num dia cheio de percalços, que tentavam-me impedir de endireitar os ombros para carregar o Fiel Madeiro.
A caminhada pelos trilhos do Mestre machuca os pés, desanima o corpo, traz medo ao coração.
Todo o dia de hoje foi trilhado sobre essas verdades: as feridas que são penetradas e as cicatrizes que são reabertas.
Hoje quis parar. Hoje quis, mais que parar, retroceder!
Lembrei-me, então de Padre Zezinho e "Meu Cristo Inconstante".
Não tenho mais tempo para pedir o pouco; não há mais momento para sustentar o que passa!
Minha vida foi dada na Cruz!!!! Do Santo Madeiro me veio vida!
E é preciso decidir!
Lembro-me de uma música cantada pela Comunidade Canção Nova, tão antiga... e não sei dizer de quem é... mas a tenho nitidamente em mim, ainda posso ouvi-la na voz de Padre (hoje, Monsenhor) Jonas:

"Eu me decidi seguir Jesus/ (...)
A Cruz à minha frente e o mundo atrás
Não retornarei"

Eis minha decisão!

Hoje, tudo dói!
Tudo parece sem sentido... e diante do Senhor Eucarístico, oculto sob o véu do pão...
Meu Calvário torna-se parte de uma cadeia semântica vivificadora.
Minha Via Crucis é adornada de tamanha verdade, que a Cruz que, mesmo pesando, redime!
Preciso da Cruz!
Preciso, mais que dela, saber que ela não é, de modo algum, minha; no entanto, ao assumi-la, dou a parte que falta na Paixão do Amado: a minha!
A música de meditação hoje, "Gratidão", da Comunidade Católica Shalom nos ensina essa responsabilidade.

O que fazer senão amar-te, meu Senhor
Perdidamente, diante de tão grande amor
DEste-me a vida, uma vocação de paz
O amor que transpassa o teu peito
Rasga no meu peito a gratidão

Já não posso me conformar em ficar aos pés da cruz
Minha alma anseia unir-se a ti, Jesus
Já não posso me conformar em ficar aos pés da cruz
Quero ser pregado do outro lado Jesus

Um coração inflamado por teu imenso amor tudo faz por ti
Com tua graça eu posso prosseguir.


Não querer parar aos pés da Cruz, e num agir transformador, escalar o Madeiro e fazer companhia para o Crucificado não nos dá mérito; ao contrário, inflama a vida do Senhor.
É tão sublime este mistério, que nosso coração não pode alcançar...
Mas ao abraçar a Santa Cruz, o Coração do Senhor é novamente rasgado! O véu do templo é novamente aberto... o advérbio "novamente" perde o valor aqui, uma vez que o que se renova está no tempo, e o Sacrifício da Cruz não é cronometrado. Sangue e Água são continuamente derramados em favor de nós.
Abraçados ao Corpo Crucificado do Senhor, e tendo o nosso corpo na Cruz, a mística compreende nossa realidade, e o que era esperado dá lugar à Vida!
Agradeço por meus momentos de Adoração!
Gratidão pelas horas Santas, Senhor!
Gratidão por cada dor, por cada vontade de ir... e ainda assim, decidir ficar!
Ficastes por mim e em mim, ó Deus!
Dá-me tua graça para que eu faça o que me pedires!
Deus de minh'alma, meu Bem da Cruz!







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