Ao longo da ultima semana, por meio
de uma rápida partilha de coração com uma preciosa amiga, senti a inspiração
(prontamente encorajada por ela) a escrever as linhas que você, estimado irmão,
tem agora diante dos olhos. E confesso que não sei se isto será tão somente uma
partilha, uma vez que, em minha história, há algo de testemunhal acerca daquilo
que pretendo aqui expor. Peço à Virgem Santíssima que ilumine não somente o meu
coração, mas também o coração e entendimento daqueles que forem alcançados por
estas linhas. Ou como aprendi com a amiga que me encorajou a escrevê-las, que
não sejam somente palavras, mas espadas afiadas no lenho da cruz, carregadas de
oração e da Verdade que não muda nem envelhece.
Há
tempos, desde os imemoriais tempos da criação, o coração do homem anseia pela
vida para a qual foi criada. Contudo, por inveja do demônio e por mau uso da
liberdade dada por Deus, decidiu o homem dar as costas ao seu Criador e julgar
ele mesmo o que era bem e o mal para si. Desde então, tendo tomado nas mãos um
poder de decisão que não lhe cabia, o ser humano claudica em seu caminho
errante pela história, pondo em cheque por diversas vezes ao longo dos tempos a
sua alcunha de civilizados. E ainda mais lamentável é o fato de o homem negar
sua identidade de filho de Deus, atentar contra sua própria dignidade em tantos
aspectos e, dando abertura à sanha do Inimigo original do gênero humano,
deixar-se torporizar e dominar por uma concepção de realidade totalmente
diversa daquela para a qual Deus o criou.
Pois
bem, tudo isso não seria tão problemático se vivêssemos em uma sociedade que,
entre tombos e tropeços, ainda se preocupasse com os valores humanos que tornam
a vida grande e bela, tal qual Deus a sonhou. Entretanto, na cultura
contemporânea, parece que grassa no ar uma mentalidade essencialmente rebelde e
perversa, que se contrapõe direta e violentamente não somente a valores
religiosos, mas a tudo aquilo que promove a grandeza do homem em sua
integralidade. De modo ainda mais absurdo, violento e por que não dizer de modo
desgraçado, vivemos um tempo em que o homem busca destruir a sua própria
existência, lançando mão dos mais diversos expedientes. Dentre tais
expedientes, de modo impoluto e politicamente correto, erguido num verdadeiro
trono em honra a Satanás, temos a maldição do aborto.
Acredito
que qualquer um de nós, por mais contrário à fé cristã que seja, sente um
profundo asco e revolta quando vemos em nossa mídia televisiva crimes
praticados contra menores de idade. Estupros, pedofilia, sequestros,
assassinados... quero sinceramente crer que isso ainda nos revolte de modo a
causar náusea em nosso interior, de modo que sequer suportemos ver tais
situações durante um longo espaço de tempo. Acredito, inclusive, que quanto
mais jovem for aquela criança que sofre determinado ato de violência, mais
aumente em nós a revolta contra aquele ato. Ora, é justamente aí que mora o
profundo questionamento moral que aqui apresento: como é que conseguimos não
perceber que a vida das crianças que defendemos quando estão fora do útero
materno é a mesma vida que está no útero em formação antes que a mulher dê à
luz o filho? Que diferença existe entre o gesto grotesco e animalizado do
assassinato de uma criança, como por exemplo foi com o menino João Helio, há alguns
anos, e os procedimentos de ASSASSINATO da vida que no ventre materno se
protege?
Não me
cabe no raciocínio entender de modo diferente ambas as situações, e acredito
que isso não deveria caber no raciocínio de nenhum ser humano minimamente
instruído. É como dizer que é preferível matar m em atirando-o de um penhasco a enfiar-lhe uma
bala na cabeça. Ambas as atitudes atentam contra o mesmo valor e, se não se
leva em conta a realidade de que a vida humana, por si só, é um mistério que
escapa às mãos do homem, vemos quão soberba e orgulhosa é a mentalidade
daqueles que se põem a favor de tão
abominável prática.
De modo
ainda mais estúpido parece ser a justificativa desta lei que tramita nas altas
esferas do Governo, aguardando a aprovação ou veto da Sra. Dilma Vana Rousseff.
Diz-se no texto, com um linguajar técnico e rebuscado do jargão jurídico, que
qualquer mulher que tenha sido vitima de violência sexual a qualquer tempo e
que dessa violência advenha uma gravidez, em nome do “bem estar” daquela mulher,
ela terá acesso a todo um procedimento emergencial de interrupção da gravidez.
Ora, em que ambiente imbecilizado e obturado vivemos? Como se pode, em nome do
bem-estar da pessoa humana, propor a ela que destrua a vida de um ser que
cresce e desenvolve no templo do útero materno? Como pode um gesto assim
promover algum bem-estar físico ou mental na pessoa que, grávida, acha por bem
retirar de si uma vida que, distinta da sua, não lhe cabe o direito senão de
cuidá-la e preservá-la.
Assim,
esta lei satânica que está às portas de se tornar um decreto do inferno em
nossa já bastante corrompida sociedade não fará outra coisa senão desencadear
um genocídio de inocentes, uma matança impiedosa de seres que nascem não
somente de situações irregulares e crimes contra a mulher, mas esta lei maldita
abrirá portas para que qualquer casal bem casado, “cristão”, “devoto” possa, em
determinado momento, num “alumiamento” de sua mente, decidir que não deseja o
filho que a mulher por ventura traga no ventre.
Não nos
adianta, portanto, como cristãos, defendermos apenas uma porcentagem da vida,
como se fizéssemos um conluio com o assassino do gênero humano, dizendo-lhe
que: “Por favor, desgrace nossa família, nossa vida, nossa história, mas apenas
em parte, para que não nos pese nos ombros a responsabilidade de zelar pelas
vidas dos que nos são dados.”Não nos adianta acendermos uma vela ao céu pedindo
misericórdia enquanto apertamos a mão de Satanás, aceitando suas propostas
hediondas; e de modo especial endereçado à juventude católica brasileira que,
nos últimos dias, prepara-se para receber o Sumo Pontífice Gloriosamente
Reinante, o Papa Francisco, na Jornada Mundial da Juventude: de nada nos
adianta querer viver esse clima de fraternidade
se não nos contrapomos com tudo aquilo que é avesso à dignidade da vida
humana. Urge que gritemos corajosamente perante uma sociedade torporizada pela
mentira e pelo relativismo moral: “NÃO À MORTE! SIM À VIDA!”. Se não tivermos a
coragem de lutar pela vida que Deus planejou para os seus filhos, não temos o
direito de fazer parte da Igreja cujos altares foram erigidos sobre o sangue de
gente muito mais santa e heroica do que nós, homens que miravam o céu e
defendiam dignamente o estandarte da fé católica. Hoje os desafios não são tão diferentes
quanto os de outrora, e é necessário, portanto, a mesma coragem e o mesmo brio
para vencermos a desgraça que sob os nossos olhos vidrados vem tomando conta da
nossa história.
Que nos
ajude nesta batalha contra as insídias de Satanás o glorioso Arcanjo Miguel,
príncipe da Igreja Triunfante; que nos sustente a ternura daquela que soube ser
Mãe do Verbo de Deus, A Sempre Virgem Maria Santíssima. E que nos inebrie com
Seu Preciosíssimo Sangue o Sagrado Coração de Jesus Cristo, fonte de
misericórdia para nós e para o mundo inteiro.
Sob o olhar da Virgem Maria,
No amor da Cruz.
Roberto de Castro Amorim
No amor da Cruz.
Roberto de Castro Amorim
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