quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Amor feito em pedaços só pra mim...

Há alguns (muitos) anos participei de um Kerigma (Um retiro organizado por um grupo da Igreja que tem como objetivo fazer o anúncio do Evangelho de Cristo).
O encontro foi lindo; em Pirapora do Bom Jesus, num convento! Coisa linda! Lugar bonito; fui com meu irmão, minha cunhada e amigos muito queridos! Os tenho até hoje, graças a Deus.
O Encontro segue uma linha padrão: O primeiro tema é o Amor de Deus.
Neste dia, um homem chamado Marinho foi fazer essa primeira pregação da palavra. E o que ele disse, e como ele disse foi tão importante para mim, que daquele dia em diante, mesmo sem entender ou sentir, eu compreendi o amor de Deus!
Marinho disse que o amor de Deus é como o sol! Ele é todo para todo mundo, mas é único para cada um. Essa expressão, essa analogia encantou-me! Fez de mim, graças a Deus, o que sou hoje. Ainda que cercada por dúvidas, por paixões... Sou hoje fruto de um Kerigma, fruto da verdade do amor de Deus.

No início do meu curso de Licenciatura, a minha coordenadora deu início à sua aula de Gêneros Textuais falando de Lev Vygotsky, pai da teoria Sociointeracionista. Na aula ela dizia da capacidade, que tem todo ser humano, de assumir características a partir do convívio com outros; falava que cada ser humano é como uma escultura de areia, que desliza seus grãos, e cada grão vai se juntar a outras esculturas... E vice-versa.
Somos formados a partir do outro.

Vygotsky criou o sociointeracionismo, e sou fã de sua teoria. Entretanto, a história da Criação já é assim; na criação de tudo, sem a fé dos homens, que não existiam ainda, A Trindade fez o que há.
A construção do mundo precisou de três pessoas; a construção de nós mesmos precisa ser feita também em conjunto. Na construção do “eu”, o outro é fundamental, insubstituível.

Houve uma construção; a construção de um templo, erguido a partir do pequeno para ser refúgio do pecador; até assim, Deus quis de nós precisar.
Ao enviar seu Ungido até nós, o fez por amor e misericórdia; o Natal é tempo de lembrar a bondade eterna de Deus, que do alto de sua Majestade, dignou-se amparar-nos.
Construiu o templo Santo para que a partir dele pudéssemos reaver a vida.
E Este Templo se deixou derrubar, mas não foi vencido; venceu. E foi mais longe: repartiu-se, e no milagre magnífico de amor, continua inteiro. Amor repartido em pedaços de santidade e misericórdia. Só para mim. Só para você, porque únicos nos apresentamos diante do Pai. É assim que Deus nos vê, nos entende. Inteiros. E só inteiros somos se completados pelo pedaço salvífico do céu! “Este pão que a gente chama ‘Eucaristia’”.

Amor que é formado de amor; gerado... De igual substância Celeste... é o céu inteiro nele só e todo Ele no céu só!
O Cristo que se deixou destruir... E supostamente derrotado, não deu fim à peleja: Vencedor foi revelado.
Na construção do “eu” é necessário conhecer seu arquiteto: Fui buscar o meu! Fui encontrar-me com Ele.
Ainda estou tentando encontrar meus raios de sol; procurando deixar Deus me iluminar: e tenho encontrado no Cristo, a luz que ilumina todo homem.... “Cristo é a Luz que veio ao mundo; ilumina todo homem! Ele vai voltar!”
Hoje olho para o meu irmão, e procuro, ansiosa por um novo grão; grão de amor, perdão, ou só um grão para não deixar escapar outro.
Hoje sou alcançada por Pedaços celestes... Que minha miséria humana não permite compreender; no entanto, procuro juntar pedaços do que falta em mim. Os encontro no Cristo, escultura maior para a qual se vão todos os grãos e de onde provêm!
Ainda preciso encontrar meus raios de sol; ainda preciso de mais grãos; ainda preciso de pedaços.
Mas neste Natal, preciso, sobretudo, do céu inteiro, encerrado num pedaço de Pão! “Por um pedaço de pão [...]”
Neste Natal quero encontrar as reservas do Senhor, e valer-me de minha condição de filha para apossar-me do Santo Fragmento.
Ainda procuro meu Senhor... “tão distante, e tão próximo”... ainda o quero, e sou convencida por meu coração dessa verdade a cada novo dia.
Ainda ando “por causa de um certo reino”; ainda vou em busca de um bilhete... de um gesto... mas, ainda assim, o que me prende são fragmentos. Fragmentos que me formam; fragmentos que me ensinam; fragmentos que me encantam; sobretudo, fragmentos que me alimentam, e embora fragmentos na forma; Todo céu na essência.

Feliz Natal meus amados doadores de grãos!
Que o Cristo, grão e chão, altar e cordeiro, mesa e refeição os encontre; os mostre o seu coração menino... e os vossos corações permitam-se encontrar.
Que o Cristo, Menino Deus os abençoe. Nos abençoe! Que o Menino Deus seja nossa meta, e que inteiros nunca julguemo-nos ser, sem antes encontrar a Plenitude da vida; o Todo encerrado no pão pequeno.


Amo vocês.

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