quarta-feira, 3 de junho de 2009

A alma humana, por Padre Emílio Mancini

Os grandes ídolos do nosso tempo são o dinheiro, a saúde, o prazer, a comodidade: o que serve ao homem.
E se pensamos em Deus, sempre fazemos dele um meio a serviço do homem: pedimos-lhe contas, julgamos seus atos, e queixamos quando não satisfaz os nossos caprichos. Deus em si mesmo parece não nos interessar.
A contemplação está esquecida, a adoração e o louvor é pouco compreendido. O critério da eficácia, o rendimento, a utilidade, funda os juízos de valor. Não se compreende o ato gratuito, desinteressado, do qual nada se pode esperar economicamente.
Até os cristãos, à força de respirar esta atmosfera, estamos impregnados de materialismo, de materialismo prático. Confessamos a Deus com os lábios, mas a nossa vida de cada dia está longe dele.
Absorvem-nos mil preocupações. A nossa vida de cada dia é pagã.
Nela não há oração, nem estudo do dogma, nem tempo para praticar a caridade ou para defender a justiça.
A vida de muitos de nós, não é, por acaso, um absoluto vazio? Não lemos os mesmos livros, assistimos os mesmos espetáculos, emitimos os mesmos juízos sobre a vida e sobre os acontecimentos, sobre a divórcio, a limitação da natalidade, a anulação dos matrimônios, os mesmos juízos que os ateus? Tudo o que é próprio do cristão: consciência, fé religiosa, espírito de sacrifício, apostolado, é ignorado e até denegrido: parece-nos supérfluo.
A maioria leva uma vida puramente material, da qual a morte é o termo final. Quantos batizados choram diante de uma tumba como os que não têm esperança!
A imensa amargura da alma contemporânea, o seu pessimismo, a sua solidão... as neuroses e até a loucura, tão freqüentes no nosso século, não são o fruto de um mundo que perdeu Deus?
Já bem o dizia Santo Agostinho: "Criaste-nos, Senhor, para ti e o nosso coração está inquieto até que não descanse em ti".
Felizmente, a alma humana não pode viver sem Deus.
Busca-o espontaneamente, mesmo em manifestações objetivamente desviadas. Na fome e sede de justiça que devora muitos espíritos, no desejo de grandeza, no espírito de fraternidade universal, está latente o desejo de Deus.
A Igreja Católica desde a sua origem, mais ainda, desde o seu precursor, o Povo prometido, não é senão a afirmação nítida, resoluta, da sua crença em Deus. Por confessá-lo, morreram muitos no Antigo Testamento; por ser fiel à mensagem do seu Pai, morreu Jesus, e depois dele, por confessar um Deus Uno e Trino cujo Filho habitou entre nós, morreram milhões de mártires.
Desde Estevão e os que como archotes iluminavam os jardins de Nero, até os que, nos nossos dias, na Rússia, na Tchecoslováquia, na Iugoslávia; ontem no Japão, na Espanha e no México, deram seu sangue por Ele. A outros não foi pedido este testemunho extremo, mas em sua vida de cada dia afirmam-no valentemente: religiosos que abandonam o mundo para consagrar-se à oração; religiosos que unem a sua vida de operários, na fábrica, a uma profunda vida contemplativa; universitários animados de um sério espírito de oração; para os quais a oração parece algo conatural e junto a eles, sábios, sábios que se prezam da sua qualidade de cristãos. Há grupos seletos de almas escolhidas que buscam a Deus com toda a sua alma e cuja vontade é o supremo anelo das suas vidas.
E quando encontraram-no, a sua vida descansa como numa rocha perene; o seu espírito repousa na paternidade divina, como o menino nos braços da sua mãe (cf. Sl 130).
Quando Deus foi encontrado, o espírito compreende que o único grande que existe é Ele. Diante de Deus, tudo se desvanece: tudo quanto a Deus não interessa, se torna indiferente. As decisões realmente importantes e definitivas são as que jazem nele.
A quem encontrou Deus acontece o que acontece a quem ama pela primeira vez: corre, voa, sente-se transportado; todas as suas dúvidas estão na superfície, no profundo do seu ser reina a paz. Não lhe importa nem muito nem pouco qual seja a sua situação, nem se escuta ou não as suas preces. O único importante é: Deus está presente. Deus é Deus. Diante deste fato, cala seu coração e repousa.
Na alma deste “repatriado” há dor e felicidade ao mesmo tempo. Deus é ao mesmo tempo a sua paz e a sua inquietude.
Nele descansa, mas não pode permanecer um momento imóvel. Tem que descansar andando; tem que amparar-se na inquietude. Cada dia levanta-se Deus diante dele como um chamado, como um dever, como dita próxima não alcançada.
Quem acha Deus sente-se buscado por Deus, como perseguido por Ele, e nele descansa, como num vasto e tíbio mar. Esta busca de Deus só é possível nesta vida, e esta vida só toma sentido nessa mesma busca. Deus aparece sempre e em todas as partes, e em nenhum lado é encontrado.
Ouvimo-lo no ruído das ondas, e, no entanto, cala. Em todas as partes sobe ao nosso encontro e nunca podemos captá-lo; mas um dia cessará a busca e será o definitivo encontro. Quando encontramos Deus, todos os bens deste mundo estão encontrados e possuídos.
O chamado de Deus, que é o fio condutor de uma existência sana e santa, não é outra coisa senão o canto que desde as colinas eternas descende doce e rugiente, melodioso e cortante.
Chegará um dia em que veremos que Deus foi à canção que balançou as nossas vidas.
Senhor, faz-nos dignos de escutar esse chamado e de segui-lo fielmente.


Pe.Emílio Carlos Mancini.
Moderador Geral
Com Alpha e Ômega.




Nas palavras de Padre Emílio, encontro meu coração! E vejo, então, o que falta no que vivo!
Paz e Bem, queridos!!!

Esse texto encontra-se no link http://pt.almas.com.mx/almaspt/artman2/publish/A_alma_humana_n_o_pode_viver_sem_Deus.php

Se puderem, acessem! Gostei muito! Para o meu tempo, ele foi propício!

Mostra que nós, CATÓLICOS, queremos Ver Jesus: caminho, verdade e vida!

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