terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Andréia


"A moça é daquelas que dão duro no trabalho[...] e depois vão para a casa cuidar de si mesmas. Chamemo-la Andréia. [...] Semana passada, Andréia acordou disposta como sempre a lutar, e foi tomar seu chazinho-de-jasmim".


ANDRADE, Carlos Drummond de. "A Companhia indesejável" In. Boca de Luar, 3.ed. São Paulo, Círculo do Livro: 1984.


A Andréia de Drummond parece-se comigo em alguns aspectos... mas é sozinha. Não sou eu.
A Andréia Drummondiana tem receio do "outro". O outro me encanta e me faz falta se comigo não está; o outro não existe para mim, porque penso eu mesma ser o outro e ele eu só.
Drummond é sempre tão sutil e ao mesmo tempo direto. Foi na solidão de Andréia e deu-lhe companhia. Como numa paródia bíblica, de não deixar o homem só, Drummond desafia o real e inventa um companheiro não querido!
Em divagações perdi-me no conto do escrevedor de Itabira.
Divagações a respeito de mim, a respeito do que para mim é como para Andréia.
Olhar Andréia e olhar a mim....
Um novo modo de voltar!

O Outro me encanta e viver só é não saber que o que somos só se faz real porque não o somos sozinhos!

2 comentários:

Francisco Sobreira disse...

Deia,
Mas há pessoas que se sentem bem sozinhas. Há até um samba antigo, se não me engano de Ataulfo Alves, que diz isso. É o caso da Andreia, de Drummond. Não é, evidentemente, o seu caso. Um beijo.

Grazi disse...

Amiga Déia,
como disse certa vez S.Josemaria Escrivá,"nehum de nós é um verso solto...todos fazemos parte de um único poema divino, que Deus escreve com liberdade".

Um bj